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O Fim da Pluralidade e o Sufocamento da Mídia Genuína de Caçapava

A internet e as redes sociais transformaram profundamente a forma como as pessoas se informam e se relacionam com o mundo. Plataformas globais e as chamadas big techs redefiniram o conceito de comunicação, impondo um ritmo acelerado, competitivo e dependente de algoritmos que favorecem o sensacionalismo em detrimento da informação de qualidade. Nesse novo cenário, cidades do interior, como Caçapava do Sul, enfrentam o desafio de manter viva uma imprensa local genuína, que enxergue o mundo e a própria comunidade sob o olhar caçapavano — algo cada vez mais raro e ameaçado.

Foto: Ilustrativa 

Caçapava nunca consolidou uma cultura sólida de valorização e fortalecimento dos veículos de comunicação nativos. Ao longo das décadas, diversos órgãos de imprensa locais foram sendo sepultados, muitos deles ícones na história da cidade. Um dos exemplos mais marcantes é o da Rádio Caçapava, cuja trajetória — da fundação ao fechamento — foi recentemente resgatada em um podcast que emocionou antigos ouvintes e reacendeu o debate sobre o apagamento da memória comunicacional da cidade. O mesmo destino teve o Jornal de Caçapava (JC) e tantos outros periódicos que tentaram se adaptar aos novos tempos, migrando para o digital, mas não resistiram ao sufocamento financeiro e à ausência de políticas de incentivo mínimas para garantir sua sobrevivência.


Em Caçapava, a imprensa independente ainda enfrenta o peso de um ambiente fechado ao contraditório. Há uma espécie de “panelinha” que monopoliza a circulação de informações, restringindo o espaço de quem ousa pensar diferente. Nessa lógica, o que não é unanimidade tende a ser silenciado. O medo de contrariar interesses instalados sufoca o jornalismo local, impedindo que ele cumpra seu papel democrático de fiscalizar, questionar e propor novos olhares sobre a cidade.


O mais preocupante é que, enquanto o mundo avança em direção à pluralidade e à diversidade de vozes, Caçapava parece presa a um passado em que o controle da narrativa vale mais do que a verdade. Não é apenas a cidade que é histórica — o pensamento de muitos que ocupam posições de poder também é. De olhos voltados apenas para suas “vendas” e aparências, esses agentes não percebem que, ao sufocar a pluralidade e isolar as vozes autênticas, acabam cavando o próprio naufrágio. Em uma sociedade que cala seus comunicadores, o silêncio não é paz — é o som da estagnação.


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