A redução na oferta de bovinos prontos para o abate começa a pressionar o mercado da carne no Estado. De acordo com o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o preço do gado de corte subiu cerca de 1% na última semana.
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Foto: Ilustrativa/ Reprodução |
Segundo o grupo de pesquisa, a tendência é de que os valores continuem em alta nos próximos meses. Muitos produtores, especialmente os que também dependem da agricultura, têm vendido seus animais antes do peso ideal para conseguir recursos e viabilizar a safra de verão 2025/26.
Conforme o coordenador do NESPro, Júlio Barcellos, neste inverno houve pouca alocação de gado nas pastagens. “Normalmente, nesta época do ano, há bastante oferta de gado gordo, o que reduz os preços. Mas isso não ocorreu em 2025”, afirmou. Entre os motivos, Barcellos cita a descapitalização dos pecuaristas após as crises de 2022 e 2023, as dificuldades de acesso a crédito e o cenário agrícola desfavorável, que levou muitos produtores a venderem seus rebanhos, inclusive para outros estados.
Ainda de acordo com o pesquisador, a liquidação tem ocorrido principalmente com animais de maior peso, o que pode afetar o ciclo produtivo da pecuária. “O abate de matrizes tende a reduzir a oferta futura de gado”, explicou.
Com isso, o consumidor pode sentir o impacto no bolso. Segundo estimativas do NESPro, o preço da carne deve subir entre 3% e 5% a curto prazo. “A médio e longo prazo, porém, o cenário tende a ser positivo, com aumento da produtividade e equilíbrio na oferta, beneficiando toda a cadeia”, concluiu Barcellos.
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