Ticker

20/recent/ticker-posts

Ad Code

Golpes na venda de gado atingem produtores de Pinheiro Machado e região central do RS

Golpes na venda de gado preocupam produtores de Restinga Sêca, Formigueiro e região central do RS; pecuarista perde R$ 100 mil

Foto: RBS TV/ Reprodução 

Golpes aplicados em leilões e vendas de gado pela internet têm deixado produtores rurais do Rio Grande do Sul em alerta. Em Pinheiro Machado, um estelionatário participou de um leilão virtual e arrematou um lote de 20 cabeças de gado por R$ 100 mil, mas nunca efetuou o pagamento. Os animais foram levados a Soledade, na Região Norte, para o suposto comprador.

O caso está sendo investigado pela Divisão de Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Dicrab), que em agosto cumpriu mandados em Ibirapuitã, Nicolau Vergueiro e Passo Fundo.

Segundo a polícia, os criminosos criam cadastros em nome de produtores rurais legalizados e inserem os dados no sistema da Secretaria da Agricultura, que não consegue detectar a falsidade. Um leiloeiro relatou que, um dia antes do remate, o suposto comprador entrou em contato com o escritório e cadastrou informações de um produtor rural da cidade de Alecrim.


Anúncios clonados

Outra modalidade de fraude envolve a clonagem de anúncios de compra e venda de gado, republicando as ofertas como se fossem de propriedade do estelionatário. Em Montenegro, um produtor quase caiu no golpe:

“Mandaram um áudio dizendo que tinham um negócio bom, e enviaram um vídeo de umas terneiras, primeiro em Santa Maria, depois em São Pedro. Ele não sabia exatamente o lugar. Eu pensei: ‘o gado é teu e tu não sabe onde está?’”, relatou, pedindo anonimato.

Os suspeitos chegam a levar vítimas a propriedades reais, mostrando rebanhos de terceiros como se fossem seus. Em uma gravação, um dos golpistas descreveu o “procedimento”:

“O senhor vai vir, vai olhar, observou o que quer, e vem na mangueira já com balança, pesando e embarcando. Aí o senhor vai me pagar.”

O criminoso ainda mencionou cobrar R$ 9 por quilo do boi, valor abaixo da média de mercado. Ao se identificar, a reportagem percebeu que ele estava em Cuiabá (MT), e não em Santa Maria, como indicava a localização enviada.


Cuidados recomendados

O delegado Heleno dos Santos orienta cuidados básicos para evitar prejuízos:

“Vendedor e comprador devem estar juntos ou, de preferência, em uma instituição bancária oficial, para que o pagamento seja feito lá. Caso contrário, que o vendedor veja a transferência sendo feita na sua presença.”

Ele reforça a necessidade de mecanismos que comprovem a identidade real do produtor no sistema de lances e acredita que o sistema da Secretaria da Agricultura precisa ser aprimorado para confirmar a autenticidade dos dados cadastrados.


Prejuízos milionários


Os casos recentes lembram um episódio de 2021 na Região Central do estado, quando um grupo aplicou golpes que causaram prejuízos estimados em R$ 30 milhões a cerca de 70 vítimas, com rebanhos inteiros desaparecendo. Vagner Grigoletto, produtor de Restinga Seca, relata ter perdido 542 novilhas, avaliadas em R$ 4 milhões:

“Levei minha vida inteira para conseguir esse gado.”


As investigações apontaram possível envolvimento de um servidor público. Guilherme Siega Figueiredo, da Inspetoria Veterinária de Formigueiro, teria inserido registros fraudulentos na ficha de um produtor. Documentos mostram que, em abril de 2021, o principal suspeito, Marco Gilberto Becker Filho, aumentou seu rebanho registrado de 434 para 1.790 animais, sem pagamento ou documentação legal.


A defesa de Marco Gilberto afirma que ele está à disposição da Justiça, cumprindo medidas cautelares, e que “serão tomadas todas as medidas possíveis para atender aos eventuais lesados”.


Posicionamentos oficiais


Tribunal de Justiça: Por se tratar de processo em segredo de Justiça, não é possível divulgar detalhes, mas já ocorreram audiências e outras ainda estão previstas. O processo é complexo, com milhares de páginas.

Secretaria da Agricultura (Seapi): Esclarece que o Sistema de Defesa Agropecuária (SDA) é de controle sanitário, não de comercialização. A GTA é documento sanitário, não fiscal, e depende do aceite do produtor no destino.


* Com Informações do  g1 RS 

Postar um comentário

0 Comentários

Ad Code