Lavras do Sul é um dos poucos locais no Rio Grande do Sul com a vegetação nativa do Pampa ainda preservada. Porém, essa área pode sofrer grandes impactos com a instalação de uma mina de fosfato pela empresa Águia Fertilizantes S.A., que já recebeu Licença de Instalação da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), autorizada pelo governo de Eduardo Leite.
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Foto: Laís Morais/ Licença de Instalação concedida prevê produção de 160 milhões de toneladas de rejeitos |
IMPACTOS PREVISTOS
De acordo com Vera Colares, produtora rural e membro da Associação para Grandeza e União de Palmas (AGrUPa), a mineração pode expulsar famílias produtoras de alimentos, afetar rios com grandes barragens e prejudicar a vegetação do Pampa. A entidade, que luta contra o projeto desde 2016, alega que as mudanças no projeto ocorreram sem o devido debate público.
Além da expulsão de pecuaristas, ambientalistas apontam para a perda da biodiversidade local. Paulo Brack, professor da UFRGS e coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), destacou que a região já sofre com escassez de água e que a mineração aumentará a pressão sobre os recursos hídricos.
HISTÓRICO DO PROJETO
O projeto teve início em 2011, com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) protocolado em 2017 e a Licença de Instalação concedida em 2022. O plano é extrair mais de 220 milhões de toneladas de material, dos quais 59 milhões de toneladas serão de fosfato. Para Brack, a pecuária familiar é essencial para a preservação do Pampa, atuando há mais de 200 anos na região.
A Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que apontava lacunas nos estudos ambientais, foi negada pela juíza Aline Cristina Zimmer. O pedido para a nulidade dos procedimentos de licenciamento foi rejeitado, assim como a exigência de consulta prévia aos pecuaristas tradicionais.
POSICIONAMENTO DA FEPAM E DO GOVERNO
A Fepam afirmou que o processo de licenciamento seguiu todos os rigorosos critérios ambientais, com estudos discutidos em audiência pública. Segundo o órgão, o licenciamento respeita uma das legislações ambientais mais rígidas do Brasil.
Entretanto, críticos acusam o governo estadual de flexibilizar a legislação ambiental para beneficiar grandes empreendimentos, sacrificando o meio ambiente.
Entidades ambientalistas pretendem recorrer da decisão judicial que validou o licenciamento da mina.
*Por Luciano Velleda/ Sul 21
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